xurxo ayán e manuel gago: herdeiros pola forza. patrimonio cultural, poder e sociedade na galiza do século xxi. 2.0 editora, santiago de compostela 2012.
sempre tenho presente a mesma estória:
lá polo ano 99, a atl mistura, uma associaçom de tempo livre da que eu formava parte, foi contratada para gestionar um campo de trabalho na ilha de ons, dentro da campanha de verão da direcçom geral de juventude.
lá fomos conhecer a ilha messes antes da actividade para argalhar uma programaçom bem geitosa. o campo de trabalho era de temática meio-ambiental e as tarefas a realizar polo voluntariado participante eram as indicadas polas responsáveis de meio-ambiente da ilha: limpar maleza, praias, sinalizar roteiros ou ajudar na recolhida de lixo e refugalho.
em ons demos com um gerente muito implicado, luis era o seu nome, que nos fez uma proposta gorentosa: por que nom transformar a actividade em arqueológica e aproveitar para limpar e sinalizar o castro de ons? ele nom tinha problema em renunciar a parte da mão de obra gratuita que supunha o campo, faria-se cargo de pedir os permisos oportunos à DG de património, a terra onde assentava o castro era do estado, maquinária e ferramenta tinha o seu retém nos armazéns e o único gasto real era a asignaçom de pessoal técnico (uma arqueóloga) para dirigir a limpeza sem dano patrimonial. felizes viajamos no barco de volta pensando na actividade...
mas nom... a direcçom geral de património negou-se categoricamente a amparar a actividade, proibindo-nos qualquer intervençom no entorno do castro. quem eramos nós para decidir que podia ser escavado e que nom?
foi assim tão grande a raiva que sentimos, que desobedecendo as ordens recebidas, durante a quinzena que nós levamos a actividade, limpamos de gestas e tojo tanto os acesso como a superfície do castro de ons. com duplo trabalho, pois nom arrancavamos nada para evitar o dano a possíveis restos.
foi emocionante descobrir os fojos ainda vivos e os perfís das muralhas exteriores e no alto, na croa, cada vez que retiravamos uma ramalhada, dar com fragmentos de cerámica. e uma vez aberto o caminho e sinalizado, goçamos do orgulho de ver como as veraneantes subiam e perguntavam polas pegadas dos primígenos habitantes da ilha. e quando viajavamos no barco de bueu a ons ou de ons a bueu, admiravamos a silhueta do castro vísivel desde o mar por primeira vez em décadas. durante esse verão comprovamos como a cidadania respectava aquilo que lhe era accessível: nom houvo expólios nem destroços e sim interesse.
porém, nunca deixei de ter certo remorso por essa actividade, pois em múltiplas ocasions me tenho questionado sobre se tinhamos feito o correcto, se nom teriam razom os de património de que isso nom deveria ser tocado, ou sobre se era essa a actividade adequada para esse entorno.