e não tenho muito mais que dizer...
segunda-feira, 29 de junho de 2009
droga no cola-cao
e não tenho muito mais que dizer...
baleia em ferro
e não sei por que, mas são essas duas imagens as que me vinhérom à mente trás a leitura de metal central. essas e as da panificadora de vigo e a das conserveiras abandonadas aqui nas costas arousás...
porque todas as fábricas são um esquelete de costelas formigão, carne tijolo, pele de cal. porque todas elas são dragões a devorar currantes en oferenda, virgens com macaco e luvas que estragam o seu tempo em uma cerimónia de sacrifício. todo pola família, a hipoteca, a dignidade.
em metal central apresenta-se uma frágua como um ser vivo, necessitado de alimento, uma baleia cujo sangue é metal ardente e liquado e cujo alento pode ser sentido se uma escuita atentamente. sangue que nós alimentamos e que nos alimenta.
porque todas as fábricas são uma meiga chuchona que decanta metais, dá lei ao ferro, aquilata ouros com a energia humana que absorve. como bom vampiro a fábrica vive na noite e renasce sempre entre lume e calor, argêntea ave fénix. amores, espírito, ânimo, humus humano transformado em newtons contabilizáveis.
de todo isto fala metal central. de todo isto fala, nunca melhor dito, o ferreiro.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
para comprendermos GB...
mas não lera a fundamentação teórica de tal lei: a mim funcionava-me e ponto.
já tenho comentado por aqui que gosto muito da política tradutor/editora da rinoceronte. traz ao galego autores e obras interessantes, novidosas e muitas vezes desconhecidas, em trabalhos de cuidada tradução. e penso que a edição deste opúsculo (em realidade fragmento de um livro mais amplo: allegro ma non tropo) é intencionadamente destinada a esclarecer-nos feitos acontecidos na nossa sociedade nos últimos tempos.
pode que haja quem esté ainda a dar-lhe voltas aos resultados das últimas eleições na galiza, ou quem ande a flipar com as mais recentes acções de (des)governo do senhor feijoo, ou quem nom lhe acabe de ver explicação alguma a entidades como galicia bilingue...
pois bem: o senhor cipolla, já no ano 1988 predizeu e explicou todos estes fenômenos desde um ponto de vista científico.
só uma amostra: cumpre lembrar que, de acordo com a segunda lei, a fracção e de pessoas que votam são estúpidas, e as eleições são uma magnífica ocasião para causar prejuízos a todas as demais, sem obter nengum ganho na sua acção. estas pessoas cumprem o seu objectivo, contribuindo ao mantemento do nivel e de estúpidos entre as pessoas que estão no poder.
eu lim, rim, entendim.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
o médico dos piratas
eles fôrom os legítimos donos do caribe
esta é uma das compras da feira do livro compostelana. compra baseada unicamente no título. o tema da pirataria há tempos que chama a minha atençom, pois tem muito a ver com esses temas de marginalidades e lugares outros que trabalho (trabalhei, trabalharei seriam tempos verbais mais acaidos) para o doutoramento.
o médico dos piratas é uma novela, ou um conto longo. nela, o escravo smecks narra como chegou ao caribe, como foi escravizado, como aprendeu a arte de remediar com dous dos seus amos e como acabou por unir-se à Grande Confraria dos Irmãos da Costa, sociedade de piratas que recorria as ilhas caribes a practicar a pilhagem.
lendo esta novelinha, aprendemos muito: comprendemos as origens da actividade pirata, as suas leis e as suas normas; sabemos como era a vida nos tempos em que o centro do mundo estava em todas essas ínsulas recém descobertas, recém expoliadas; aprendemos a diferenciar entre corsários, bucaneiros e piratas; é-nos mostrada como é a vida en escravatura e as tensões entre os diferentes grupos que luitavam polo domínio das terras americanas... todo isso e mais em um texto mui breve.
mas para mim, é isso mesmo o que faz que a história perda alento. é tam grandemente pedagógica, sume-se tanto na didáctica, na explicação, que nom acabamos de entrar na trama, nem de identificar-nos com as personagens. e penso que havia trama para alargá-la mais, para fazê-la passar de novela a romance: a sensação que ficou em mim foi a de ter lido um extracto de um texto muito mais amplo.
um exemplo é a narração da morte do pirata l'olonnais: esta produze-se da mesma maneira que ele leva sonhando dias, pesadelo trás pesadelo. é caçado polos índios dariém que o mutilam e torturam entanto ele descreve todas as tropelias que lhe vão fazendo, pois são as mesmas que tinha sonhado... esta história, impressioante, selvagem e tão fermosamente contada que devera titular a obra, merecia muito mais espaço narrativo, uma maior centralidade.
é dizer: fiquei com fame de mais aventuras piratonas...
seique a mesma autora tem outro romance pirateiro protagonizado por smecks: hei de provar a ver se me enche!