quinta-feira, 2 de abril de 2009

pioneiras

josefina r. aldecoa: historia de una maestra. anagrama. barcelona 1996.

que dizem na taberna que a senhora quer fazer dos meninos, meninas, para que perdam a força e não trabalhem em cousas de homens.

acabei de ler o livro na noite e maldormim. ficou na goela o regosto amargo de reconhecer uma pioneira, sim, mas também o de não ter-lhe compensado, eu, nós, o sacrifício.
historia de una maestra é um romance, de tom autobiográfico, no que gabriela narra só treze anos da sua vida: os seus começos como mestra de primária. mas os começos como mestra no ano 23 nom tenhem nada que ver cos começos como mestra no ano 99. a guiné ainda era colónia e ainda havia que educar os meninos pretos na arte do castelhano. as escolas unitárias nem livros tinham, e muitas vezes nem alunos...
gabriela vai contando as sua vida nom linealmente mas em sequências do corte impressionista: cada escola, cada destino, cada aldeia ficam retratadas com três, quatro anedotas que determinam as vivências da mestra em cada lugar. ao longo da narrativa vemo-la avançar nas dificuldades do seu labor pedagógico, vemo-la namorar e casar, vemo-la gravidar e nascer umha criança, vemo-la duvidar das suas convições feministas, políticas, e vemos, sobretodo, como germola um sonho, como cresce abrigado na república das educação libertadora e como, porfim, rebenta em pesadelo em julho do 36.
como mostra do carácter sequencial e anedotário do romance: a união, o fio subtil e tenso que enlaça a primeira cena (um casamento burguês em ovieu presenciado por uma gabriela recém diplomada) e a final (a foto do general franco na capa do jornal).
uma leitura para recuperar a confiança na educação como instrumento para mudar o mundo mas também uma leitura para comprovar como a história repete sempre a sua face mais dolorosa.