quinta-feira, 23 de outubro de 2008

memórias de idhum


laura gallego: memorias de idhún I. la resistencia. editorial sm. madrid 2004.

andava a chantar os dentes noutras leituras, mas tivem que pór-me, sem muita vontade, com as memórias de idhum; decidiu o clube de leitura da escola que tocava esse, e entrei nele, apesar de que a literatura fantástica adolescente nom me chama nada.
o romance, primeira parte de umha trilogia, conta a história de jack e vitória, dous adolescentes que nom se conhecem e que se vem luitando, sem saber por que causa, com a ressistência de idhum, mundo afastado onde ainda reina a mágia, mas que corre perigo por ter caído em maos dos sherks, os guerreiros-serpe.
a história tira dos tópicos do bem e o mal, da mitologia de bestiário, com dragons e unicórnios, da mágia de harry potter e dos mundos fantásticos do senhor dos anéis.
lim os primeiros capítulos de mau-humor. a conjunçom mais conhecida pola autora do romance semelhava ser pero e a palavra que mais se dava, estranho, peros por aqui estranhos por alá peros por aqui estranhos por alá... o dicionário que utilizou devia de ser de peto, mas nom o moliner precisamente.
porém, quando me dei de conta, andava lendo no capítulo dez e quando caim da burra na segunda parte... porque fiquei enredada na trama como numha silveira.
mantendo a minha opinióm de que podia estar bastante melhor redactado e de que é melanguinhoso até dizer basta, sim admito que tem elementos de certa originalidade: nom há bons tam bons nem maus tam maus, as personagens evoluem; a trama nom é tam predezível como podia parecer ao começo [eis, para mim, a razom pola que enganchei], mistura bem actualidade tecnológica e mundos mágicos...

o segundo grande defecto: deduzim qual era a chave da obra antes de tempo... quiçás já nom som tam adolescente...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

migraçons

rafa villar: migracións. espiral maior. a corunha 2008.

a língua como pátria, como músculo que comunica, a memória que temos de nós, a que deixaremos, o país de emigrantes que se esquece a si mesmo, os imigrantes que afundem no oceano, o futuro na língua cúmplice, o futuro semfuturo, o refúgio no amor, o porto que acolhe almas perdidas. todo isso aparece neste poemário do que gostei por singelo [que nom simples] na escolha léxica e sintáctica. sem miramentos. sem artifícios. labazada directa na face:

nom esqueças
que em herdo deixaremos
apenas umha terra arrasada
que fará de nós
a mais triste das cousas para lembrar

recordarám-nos
como som recordadas as cicatrizes mais profundas
como som recordados os naufrágios mais atrozes
como é recordada a geada mais daninha

e doerá a lembrança de nós
doerá tanto
que às nossas cousas lhe serám dados
outros nomes e outras festras

e farám por esquecer-nos
no meio da noite inevitável.