terça-feira, 22 de março de 2011

atalanta

gianni rodari: atalanta. la galera. barcelona 1995.

gianni rodari é um velho conhecido, pois a sua gramática da fantasia e livro-bíblia e os seus contos por telefone umha das leitura que recordo já da escola.
e nessas procuras de um livro adequado para o meu alunado, querendo trabalhar mitologia com eles, soubem que versionara a história de atalanta, a mocinha despreçada polo pai por ser mulher. e provei a ler. 
primeiro houvo que conseguir o livro. nada fácil. seique era umha ediçom antiga (do ano 95 antiga, enfim!), mas acabou por chegar.
gianni rodari aplica á história de atalanta a técnica do incrementum: recria os diálogos que puiderom ter tido as donzelas, os soldados, os homens que a ela se defrontárom. aplica-lhe a digressio,levando-nos por outras histórias mitológicas com um simples ainda che há passar como a... e zás, solta a aventura de...
gostei da história de atalanta porque é um bom contrapunto á apologia da virilidade e a violência e o amor submisso que tem grande parte da literatura canônica. atalanta avança na vida observando o resto de seres humanos, homens e mulheres, e decidindo como (nom) quer ser.
até encontrar o seu espaço no mundo. 

um livro delicioso.

de amor e dor

anne sexton: poemas de amor. linteo poesia. madrid 2009.

tinha vontade de botar-lhe o dente a esta poeta, depois de saber dela há anos, através da carapuchinha encarnada (para que vejades de onde venhem as ligaçons leitoras). mas o livrinho que procurava nom o há em língua acessível para mim (tradutoras, traducide!). em troca dei com esta antologia de poemas de amor. 
custou ler. porque nom tinha o corpo para esta poesia de amor. dura. quase violenta. auto-ferinte. umha grande parte dos textos transmitem umha ideia das relações de parelha destrutiva com a que me resulta difícil sentir-me identificada. 
e deixava para outro dia.
e venha a começar de novo. 
e anotava um verso.
umha imagem.
e as transformava para as fazer minhas. 
e acabei por identificar-me com aquilo que escrevim eu lendo anne sexton

suponho que isso também é a leitura.

derradeiro encontro

sándor márai: el último encuentro. salamandra. barcelona 2010.

um livro de ritmo lento que atrapa como um filme de acçom. quando menos a mim. nunca pensei que umha narrativa tam vagarosa, tam amarrada às descrições me teria amarrada a mim à leitura. 
um velhote recebe o aviso de visita de um velho amigo. um amigo que nom vê há quarenta e um anos, exactamente. o velhote, um nobre general retirado, ordena preparar o recebimento do amigo pródigo e preparar a mesma ceia de há quarenta e um anos, exactamente. mas esta será a derradeira. há contas que ajustar. 

e assim, entretém-se aguardando polo convidado, rememorando o tempo em que se conheceram e intimaram; e chega o amigo e sentam a cear e recordam todos e cada um dos pormenores da sua amizade; e fam a sobremesa e seguem a ajustar contas com o passado, cena a cena, e nom podes parar de ler porque há um segredo que paira polas estâncias e que queres saber e nom dá chegado. 
passam as páginas e conheces todo sobre o valor da amizade, da confiança, da fidelidade mas o segredo, quem sabe!

leitura agradável.