sábado, 25 de julho de 2009

playstation

cristina peri rossi: playstation. visor libros. madrid 2009.

o acto poético já tinha acontecido // o dia em que Marlyn Buck, do penal de Texas, / aprendeu espanhol / para traduzir Estado de exilio.

através de manolo, companheiro na escola e inédito escritor, cheguei a cristina peri rossi. não lera nada dela, poeta lésbica da provocação e o escândalo. eu nunca me sentim chamada por provocações e escândalos. mas manolo dixo que gostara muito deste playstation, e eu fui correndo a mercá-lo e lê-lo.

poesia feita diversom retranca desencanto, todo junto em cada um e todos os poemas. cristina peri rossi cria umha protagonista de nome cristina peri rossi, escritora, lesbiana, que vive em barcelona, que trata com editoras tradutores leitores, que vai à televisão apresentar os seus livros, que se vê leiloada em amazom.com em forma de camisola. e a cristina poeta utiliza as peripécias prosaicas, quotidinadas, da cristina personagem para pór em solfa o mundo todo que habita.
os poemas todos são de carácter narrativo. umha anedota qualquer: a leitura de poesia numa vila, a visita a um sex-shop, o atropelo com perna quebrada e na casa, as exigências da editora. mas todos os poemas, todos, acabam com um verso terramoto, um frasse umha palavra que revira a anedota e faz dela reflexom, dor, humor, soidade,ressistência.
quiçás porque eu agora começo a andar um pouco nesse mundo, divertiu-me inmensamente a brincadeira contínua da poeta com o mundo editorial, tam pouco lírico ele.

poesia para gozar.

mas também vai uma reflexom: cristina peri rossi cria uma personagem chamada cristina peri rossi que é lesbiana, poeta, que vive em barcelona, que trata com editoras tradutores leitores, que vai à televisão apresentar os seus livros, que se vê leiloada em amazom.com em forma de camisola. é legítimo que apresente a um prémio literário um texto tão transparente na sua autoria?

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