as pedras dam-lhe umha cor de derrota às heroicidades de ramala.
as leituras neste blogue nom tenhem continuidade cronológica exacta. nom passei de miguel anxo murado directamente a joe sacco. nom ando monográfica palestiniana. entre um e outro ficam toda umha série de leituras lentas e inacabadas que irám aparecendo por aqui [aguardo].
palestina pertence ao gênero da banda desenhada. e ao gênero do documentário. e ao gênero do jornalístico. a todos eles.
joe sacco faz de sim mesmo umha personagem da história. pois palestina nom é outra cousa que a crónica da viagem de um jornalista/autor de quadrinhos à caça da imagem impactante, da história perfecta e sanguinolenta na catástrofe de gaza. coloca-se a sim mesmo como o caçador de enquadramentos, o pescador de báguas, o predador de desgraças. é para mim este um dos acertos do livro, pois essa distância aparente do protagonista-narrador, esse humor cínico ou cinismo humorístico, nom saberia dizer, enfatizam o horror que debulham textos e imagens.
o livro está dividido em nove capítulos que se correspondem com outros tantos volumes de banda desenhada que o autor escreveu depois de viver em palestina durante dous meses, lá pola primeira intifada. em cada um desses capítulos podemos escuitar e ver os testemunhos de toda caste de pessoas afectadas polo conflito palestino. bem é certo que practicamente todas as testemunhas som palestinianas, mas nom por isso o autor deixa de dar eco a vozes israelianas.
isto é para mim o melhor. o autor deixa patente a sua obsessom por escuitar a todas as vítimas: a velha que viveu a expulsom do 48, os presos sem julgamento de ansar III, os feridos humilhados de caminho ao hospital, os torturados em interrogatórios oficialmente inexistentes, as famílias dos mortos, a mocidade protagonista da intifada, os labregos que vem arrincados as oliveiras, e sobretodo, para mim, as feministas, as pessoas minusválidas...
ao começo da leitura nom gostei dos desenhos: semelhavam agressivos, tudo branco e preto, faces muito marcadas, primeiros planos demasiado achegados; mas com o avançar da leitura, dei em ver que é esse estilo de desenho que condiz com aquilo que a história narra. a putrefacta lameira do campo de refugiados de jabaliyah nom pode estar melhor reflectida que nesses traços grisonhos. até parece que fede e que som os nossos pés os que afundem na lama.
e na introduçom à ediçom, o admirado edward said a dizer que a leitura de quadrinhos é fácil. nom neste caso. livro denso, enorme. recargado de texto, de desenho, de denúncia, de dignidade.
o pior, o de sempre: fala palestina da primeira intifada, lá polos 87-90. e a reportagem fotográfica do elpaís de há nada mostra que o tempo nom passa para o povo palestino.
palestina pertence ao gênero da banda desenhada. e ao gênero do documentário. e ao gênero do jornalístico. a todos eles.
joe sacco faz de sim mesmo umha personagem da história. pois palestina nom é outra cousa que a crónica da viagem de um jornalista/autor de quadrinhos à caça da imagem impactante, da história perfecta e sanguinolenta na catástrofe de gaza. coloca-se a sim mesmo como o caçador de enquadramentos, o pescador de báguas, o predador de desgraças. é para mim este um dos acertos do livro, pois essa distância aparente do protagonista-narrador, esse humor cínico ou cinismo humorístico, nom saberia dizer, enfatizam o horror que debulham textos e imagens.
o livro está dividido em nove capítulos que se correspondem com outros tantos volumes de banda desenhada que o autor escreveu depois de viver em palestina durante dous meses, lá pola primeira intifada. em cada um desses capítulos podemos escuitar e ver os testemunhos de toda caste de pessoas afectadas polo conflito palestino. bem é certo que practicamente todas as testemunhas som palestinianas, mas nom por isso o autor deixa de dar eco a vozes israelianas.
isto é para mim o melhor. o autor deixa patente a sua obsessom por escuitar a todas as vítimas: a velha que viveu a expulsom do 48, os presos sem julgamento de ansar III, os feridos humilhados de caminho ao hospital, os torturados em interrogatórios oficialmente inexistentes, as famílias dos mortos, a mocidade protagonista da intifada, os labregos que vem arrincados as oliveiras, e sobretodo, para mim, as feministas, as pessoas minusválidas...
ao começo da leitura nom gostei dos desenhos: semelhavam agressivos, tudo branco e preto, faces muito marcadas, primeiros planos demasiado achegados; mas com o avançar da leitura, dei em ver que é esse estilo de desenho que condiz com aquilo que a história narra. a putrefacta lameira do campo de refugiados de jabaliyah nom pode estar melhor reflectida que nesses traços grisonhos. até parece que fede e que som os nossos pés os que afundem na lama.
e na introduçom à ediçom, o admirado edward said a dizer que a leitura de quadrinhos é fácil. nom neste caso. livro denso, enorme. recargado de texto, de desenho, de denúncia, de dignidade.
o pior, o de sempre: fala palestina da primeira intifada, lá polos 87-90. e a reportagem fotográfica do elpaís de há nada mostra que o tempo nom passa para o povo palestino.
2 comentários:
Que casualidade, estouno lendo xusto agora. De momento o que máis me chama a atención é o ben documentado que está (a grande cantidade de citas e que non renuncie a remontarse ás orixes do conflicto), e tamén o desenfadado que pode chegar a ser sen deixar de falar da gravidade das cousas.
a mim deixou-me mais pegadas que estas escritas aqui. o casulo 84 dos dedos... está tirado directamente da página 191 [de andares na mesma ediçom].
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