terça-feira, 2 de agosto de 2011

leituras demoradas: conquistadores do horizonte

felipe fernández-armesto: los conquistadores del horizonte. una historia mundial de la exploración. destino. barcelona 2006.

levou muito tempo esta leitura. um senhor livro de mais de quinhentas páginas, que fum debulhando pouco a pouco desde o verám passado. trata-se dumha obra divulgativa, um recorrido por todo o planeta através de todas as explorações havidas e por haver. 

a mim resultárom-me do mais interessantes as páginas adicadas ás primeiras explorações, aquelas que estendérom a espécie humana pola terra, e aquelas adicadas a explorações nom-ocidentais: as chinesas (interessantíssimas), as arábigas, as da oceania, etc.

andava eu felicíssima de ter dado com um livro des-eurocentralizado, que dava atençom a outros pólos culturais e valorizava as suas descobertas e achados, ainda que esta posta em valor implicasse romper com tópicos sobre a superioridade do européu ou o ocidental. nessas andava, sim.

e depois de tantas páginas lidas, de tanto aprendido em cada capítulo sobre ventos e correntes e arte de navegar, o triste é que só me quede com o poder que o patriarcado (por nom dizer o sexismo puro e duro) exerce sobre as pessoas. incluso sobre aquelas que parecem presentar umha grande apertura intelectual. 

vejamos. o autor pom em valor o labor de guias indígenas para explicar o conhecimento e o acesso ao território americano por parte dos européus: Un indio llamado Nigual trazó para Francisco Valverde de Mercado, en 1602, un mapa esquemático de Nueva España que se ha conservado hasta nuestros días. Los iroqueses usaron... que bem!, penso eu, alguém que tem em conta aos índios! mas chegamos a este fragmento: Cortés ha sido sobrevalorado como conquistador. Fue una coalición de pueblos indígenas la que derrocó a los aztecas (ó, nom é chovinista!, estupendo!). Parece que esa alianza fue tramada no tanto por Cortés como por su amante indigena, que era también su intérprete y la única persona que podía comprender lo que ocurría en el terreno diplomático. e chega, primeiro o baixom, e depois, ou com ele, a indignaçom. 

duas machistadas comete o autor numha frasse: negar o nome a umha pessoa e antepór a sua (suposta) relaçom sentimental com um homem à sua relaçom social/profissional. já que o tratamento dado a outras pessoas indígenas que aparecem na obra é do mais respectuoso, temos que entender que esta inferiorizaçom da malitzim e por ser ela mulher, nom por ser mexica.
como um homem que demostra estar mui documentado (o livro acompanha-se de vinte páginas de notas bibliográficas) pode nom saber o nome de malinalli tenepatl? malitzin, malinche ou dona marina som outros dos nomes da intérprete de hernão cortés. se era a sua amante ou nom nom é assunto de um tratado sobre explorações marítimas e terrestres, igual que nom nos importa se o nigual da anterior citaçom era homosexual, por exemplo.

O sonho da Malinche, de António Ruíz, 1939

com esta machistada conseguiu que eu pugesse em questom toda a sua obra. eu pilhei-no num renúncio em um tema que conheço mais ou menos bem, por tê-lo estudado pormenorizadamente (a conquista de méxico por hernão cortés). que mulheres nom terá ignorado noutras partes? a quantas nom terá dessabido?

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