quarta-feira, 23 de junho de 2010

leituras demoradas: pensa nao

anxo angueira: pensa nao. edicións xerais. vigo 2000.

este foi lido antes do de almudena, mas ficou atrás. outro gosto para os sentidos. outro livro sobre a guerra civil. neste caso sobre a galiza rural prévia à guerra civil. essa galiza rural activa, sindicada, com ideias e inciativas que depois semelha que esquecemos.

situada en sernanselhe, que pretende ser um outro manselle, angueira passeianos pola aldeia nos messes prévios ao golpe de estado, utilizando como guia os labores estacionais e os trapos a navegar pola corrente do ulha.

do que mais gocei: da tentativa do autor de escrever numha língua diferente, é dizer, a da sua aldeia; dessa intençom, para mim conseguida, de passar a literária a língua da sua vizinhança. pode que porvezes dificulte a leitura (eu sei o que som as latas porque lho escuitei explicar ao próprio angueira), mas entrando no jogo de adivinhar significados de deixar-se levar por uma fala diferente, acaba por ser mui divertido.

um livro breve, contido e intenso.

coraçom gelado

almudena grandes: el corazón helado. ediciones tusquets. barcelona 2007.

gelada fum ficando eu enquanto avançava na leitura. por agora, para mim, um dos melhores textos que lim tratando o tema da guerra civil. impressionante.

impressiona também a enormidade do livro: um romance ao antigo estilo que ronda as novecentas páginas, e que levava messes tirando de mim desde a estante e puxando de mim desde a gordura. mas foi entrar nele e ficar enredada.

porque está mui bem construído. sobretodo isso. estám todos os capítulos tam bem engarçados, tam bem pesponteados, que vas lendo e lendo e lendo até caires na conta de que passaches da página quinhentos.

o romance nasce duma questom complexa: que farias ti de descobrires que a fortuna da tua família, da que levas goçando desde criança, nasceu do expólio a uma (outra e tua) família republicana? en volta desta pergunta vai avançando a trama, enriquecida com umha história de amor que simboliza umha vontade de futuro: a esperanza de superar aquela guerra, esa ditadura e este silêncio.

um dos elementos que mais destacaria é a construçom das personagens, o esforço por nom resultar maniqueia na sua elaboraçom, de maneira que acabas por nom poder evitar, por exemplo, que um falangista (eugénio) che caia bem; o bem descritas que estám as dúvidas e choques da família do protagonista ausente, essas reacçons encontradas de cada um/a dos fillos e fillas perante a descoberta da faceta cínica e criminal do pai perfecto. a poesía que há detrás de muitos dos parágrafos.

fiquei com vontade de ler algo mais desta mulher.

leituras demoradas: no pasarán!

vittorio giardino: las aventuras de max fridman: no pasarán! [I, II e III]. norma editorial. barcelona 2002.

vittorio giardino coloca-nos na barcelona resistente do ano 39. quando a guerra civil está prota a acabar, às portas da batalha do ebro, quando as forças internacionais ordeiam a retirada de todos os apoios estrangeiros, quando comunistas, anarquistas e socialistas andam já nas últimas leas, enfim, no começo do fim, max fridman viaja à cidade condal por localizar um amigo desaparecido depois de discutir com o seu superior no frente.

através dos três livros que componhem esta história, giardino achega-nos à intrahistória da guerra, essas luitas internas e esses abandonos exteriores que desfigeram o lado republicano, o bando defensor da liberdade.

gostei muito dos desenhos, dessa reconstruçom dos telhados e hotelinhos barceloneses. gostei muito também das três introduçons prévias que dam início a cada volume, em especial da primeira, na que giardino justifica a composiçom dos ábumes como umha homenagem ao seu avó, soldado na II guerra mundial.