segunda-feira, 26 de julho de 2010

história do universo

larry gonick: história do universo em banda desenhada. gradiva. lisboa 2007.

um alter ego de einstein leva-nos de passeio pola história deste planetinha em que vivemos, desde o big bang até a morte de alexandre o magno.

conhecemos as teorias sobre a origem do universo, recebemos umha explicaçom de como apareceu a vida, de quais fôrom os primeiros habitantes da terra, de como se extinguiram os dinossauros, de como o homo sapiens acabou por senhorear meio planeta. todo de uma maneira amena e acessível.

a obra distingue três planos: nas cartelas do narrador vai-nos sendo contada a história tal é como o demostram as fontes o tal qual a entendem as hipóteses (e sempre indicando se estamos num caso ou no outro); na parte baixa de cada página, há outra série de quadrinhos (funcionando como notas a rodapé) que ampliam umha informaçom ou nos contam umha anedota da época); e depois estám os desenhos. desenhos que muitas vezes (quase sempre) ironizam com as consequências dos factos, com a sua origem e, em geral, com a versom oficial da história.

a mim o autor ganhou-me em quanto nos quadrinhos começárom a fazer apariçom as fémeas (de qualquer espécie animal) retrucando a versom masculina ou aportando a sua olhada feminista.


um livro muito didáctico e muito divertido.


sexta-feira, 23 de julho de 2010

as pegadas da vida

tracy chevalier: las huellas de la vida. lumen. barcelona 2010.

dumha ilha a outra, mas por casualidades da vida (presentes que uma recebe). a acçom transcorre na inglaterra vitoriana: três irmãs de boa família londrina vinda a menos, a philpot, som enviadas a viver a lyme regis, umha vila da costa. lá poderám manter certo nível de vida apesar do seu obrigado celibato por falta de dote.

uma delas, elisabeth, descobre o mundo dos fósseis, que pode encontrar escavando nas praias dos arredores. esta dama conhece mary anning, umha buscadora de fósseis que vende para ajudar na sua pobre família. as duas acabam sendo amigas, apesar da diferência de classe e educaçom. as duas vam luitar contra os prejuízos da época para fazer-se valer como expertas em fósseis.

o romance é umha homenagem à literatura feminina victoirana das bronte e da austen (continuamente citada na obra) mas dando-lhe umha reviravolta feminista: as protagonistas som as outras mulheres, as que ficam sem esse happy end de matrimônio-com-alguém-adequado-às-suas-capacidades-sociais-e-económicas. as duas protagonistam acabam solteiras e mal-olhadas por vizinhança e comunidade científica e só som recuperadas e valoradas anos depois.

como tenho debilidade por estas histórias de mulheres ocult(ad)as, gostei deste romance.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

ilhas: náufrago

joan de deu prats: náufrago. anaya. madrid 2010.

este, em troca, resultou decepcionante. lim-no entre os dous anteriores, o do senhor pip e o da karana. e claro, nom resiste a comparaçom. nom tem a riqueza poética e metafórica que podem ter os outros dous, tocando temas semelhantes. assim, aparecem culturas nom ocidentais, é tratado o tema do dano medioambiental e a destruçom da bidiversidade tanto natural (aqui centrada numha orquídea) como cultural (aquí um povo das ilhas indonésicas).

mas o autor recorre ao que para mim está algo revisto, e sem aportar novidade: o esquema da pesquisa, da resoluçom de um mistério por parte do protagonista. para mim, peca daquilo que pecam outras obras pensadas para o público juvenil: a simplificaçom; como que está demasiado pensado para trabalhar na escola.

quiçás a estrutura tem algo de original, combinando duas histórias (aparentemente) simultâneas no tempo mas distantes no espaço, com surpreesa final. porém, nom aguenta o contraste com os romances citados.

dá para reflexionar o que faz duma leitura a anterior que tenhas feito. é provável que de nom ter lido aqueles antes de reflectir a minha opiniom sobre este, a mesma teria sido muito mais entusiástica. quem sabe...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

ilhas: a ilha dos golfinhos azuis

scott o'dell: la isla de los delfines azules. noguer. barcelona 2010.

há livrarias e livrarias; livreiras e livreiras. umha que exerce de livreira de verdade, e nom de simples mercadeira de livros, é a da livraria seijas, de ponte-vedra. indirectamente, pensando no mundo das ilhas, recomendou-me este livro que, juro, nunca teria lido vista a sua capa e o seu título. mas foi enviado pola livreira e digem, bem, haverá que provar...

e dei com um bocado esquisito (no sentido galego, nom no padrom postuguês).

após uma matança provocada por uns caçadores de focas, os habitantes da ilha de são nicolau, perto da califórnia, decidem fugir. mas no caminho do exílio karana fica atrás, procurando o seu irmão pequeno. e fica sozinha sem que ninguém a resgate por infinitos soles e enternas primaveras, aguardando a chegada dum outro barco...

o livro narra, portanto, a experiência desta criança aprendendo a viver sem outra companhia que a da natureza, que tanto pode ser amiga como inimiga. karana aprende a sobreviver, podemos dizer que a viver, sem ajuda nenguma de adulto nengum, de humano qualquer. só tem com ela a sua inteligência e a memória das aprendizagens que tem feito na sua neinice com o seu povo.

o romance, que podemos inserir na tradiçom dos de aventuras, combina, para o meu gosto, duas características aparentemente contraditórias: a contençom narrativa e a riqueza das imagens e metáforas. tudo é contado sinteticamente: se a acçom consiste em pescar um peixe, a narradora diz pesquei um peixe, mas, acompanhando a isto, o uso da natureza toda -toda!- para representar a vida, o entorno, os sentimentos faz apariçom de contínuo.
mas do que eu gostei imensamente é daquilo que transmite esta história. de primeiro, e contrastando com aquele senhor das moscas que tanto me impactara quando o lim, umha imagem em positivo dos seres humanos: karana procura inicialmente a vingança -contra aqueles que mataram seu irmão-, mas consegue dominar e superar esse sentimento; karana aprende a viver na natureza sem fazer dano aos outros animais e ela mesma decide deixar de matar para comer; e impressiona especialmente a capacidade da rapariga para apanhar-se só, para superar as dificuldades de nom ter amizades, família sem deixar-se levar polos acontecimentos...

e o que mais me surpreendeu foi saber que a história tem origem nuns feitos reais acontecidos a meados do século xix, quando um barco apanhou na ilha de são nicolau umha mulher que levava dezaoito anos a viver sozinha, após a fugida de todo o seu povo.

com vontade de ler mais deste autor...





sexta-feira, 9 de julho de 2010

ilhas: o senhor pip

lloyd jones: el señor pip. salamandra. barcelona 2008.

e ando em argalhar umha constelaçom literária centrada no tema da ilha. e chegou a mim, da mão da carlotina, o senhor pip, pequena obra mestra.

em bougainville, uma ilha tão perdida no pacífico que houvem de tirar de atlas para saber dela, uma menina e a sua mãe, aguardam a volta do pãe. a volta nom é possível pois há guerra civil e a ilha está isolada de maneira dupla. sós, com a única companhia dos rebeldes nas montanhas e um homem branco numa casa, passa-se o tempo na aldeia. até o homem branco decidir reabrir a escola para que as crianças nom perdam o tempo. na escola, como único meio pedágogico, som combinadas a leitura de grandes esperanças de charles dickens, e as conversas com os maiores da aldeia que explicam a meninos e meninas as cousas importantes que ham de saber da vida...

matilda, a protagonista, faz-se amiga de pip, o protagonista do livro dickensiano. mas é um amigo perigoso em tempos de guerra. tam perigoso que acabará por levar a violência às portas das casas.

fermosíssimo.



constelações literárias

guadalupe jover: un mundo por ler. educación, adolescentes y literatura. octaedro. barcelona 2007.

quando a formaçom dá resultados positivos, sempre é importante dizê-lo. neste caso, um curso de formaçom do professorado no cefore de ponte-vedra, deu-nos a possibilidade de conhecer guadalupe jover e as suas propostas didácticas. só por isso, pagou a pena.

mestres e mestras!, profes e profas! se tedes vontade de querer seguir tendo ganas de educar, havedes de ler este livro. porque da sua leitura sacas (eu saquei, outras compis sacárom) ganhas de provar estratégias novas, de seguir a intentar mudar o mundo, de seguir acreditando na educaçom como meio de libertaçom das pessoas, e sobretodo, pistas para saber por onde tirar.

un mundo por leer é umha obra dirigida a professorado de literatura. ainda assim, os primeiros capítulos, que definem a ideologia educativa da autora, som recomendáveis para qualquer docente (nom, para qualquer educador/a).

guadalupe jover propom modificar o cânone literário escolar para substitur o ensino da literatura pola educaçom literária. partindo disto faz umha proposta de trabalho partindo das constelações literárias, proposta que podemos encontrar desenvolvida neste outro texto disponhível na rede: constelaciones literarias. sentirse raro: miradas sobre la adolescencia.

umha de ideias andam a rondar nesta cabecinha... para isto deve servir a leitura.