segunda-feira, 12 de julho de 2010

ilhas: a ilha dos golfinhos azuis

scott o'dell: la isla de los delfines azules. noguer. barcelona 2010.

há livrarias e livrarias; livreiras e livreiras. umha que exerce de livreira de verdade, e nom de simples mercadeira de livros, é a da livraria seijas, de ponte-vedra. indirectamente, pensando no mundo das ilhas, recomendou-me este livro que, juro, nunca teria lido vista a sua capa e o seu título. mas foi enviado pola livreira e digem, bem, haverá que provar...

e dei com um bocado esquisito (no sentido galego, nom no padrom postuguês).

após uma matança provocada por uns caçadores de focas, os habitantes da ilha de são nicolau, perto da califórnia, decidem fugir. mas no caminho do exílio karana fica atrás, procurando o seu irmão pequeno. e fica sozinha sem que ninguém a resgate por infinitos soles e enternas primaveras, aguardando a chegada dum outro barco...

o livro narra, portanto, a experiência desta criança aprendendo a viver sem outra companhia que a da natureza, que tanto pode ser amiga como inimiga. karana aprende a sobreviver, podemos dizer que a viver, sem ajuda nenguma de adulto nengum, de humano qualquer. só tem com ela a sua inteligência e a memória das aprendizagens que tem feito na sua neinice com o seu povo.

o romance, que podemos inserir na tradiçom dos de aventuras, combina, para o meu gosto, duas características aparentemente contraditórias: a contençom narrativa e a riqueza das imagens e metáforas. tudo é contado sinteticamente: se a acçom consiste em pescar um peixe, a narradora diz pesquei um peixe, mas, acompanhando a isto, o uso da natureza toda -toda!- para representar a vida, o entorno, os sentimentos faz apariçom de contínuo.
mas do que eu gostei imensamente é daquilo que transmite esta história. de primeiro, e contrastando com aquele senhor das moscas que tanto me impactara quando o lim, umha imagem em positivo dos seres humanos: karana procura inicialmente a vingança -contra aqueles que mataram seu irmão-, mas consegue dominar e superar esse sentimento; karana aprende a viver na natureza sem fazer dano aos outros animais e ela mesma decide deixar de matar para comer; e impressiona especialmente a capacidade da rapariga para apanhar-se só, para superar as dificuldades de nom ter amizades, família sem deixar-se levar polos acontecimentos...

e o que mais me surpreendeu foi saber que a história tem origem nuns feitos reais acontecidos a meados do século xix, quando um barco apanhou na ilha de são nicolau umha mulher que levava dezaoito anos a viver sozinha, após a fugida de todo o seu povo.

com vontade de ler mais deste autor...





5 comentários:

Anônimo disse...

Encontrei este livro numa caixa ao lado do caixote do lixo... pronto a ser destruído. Salvei-o e comecei a ler a narrativa... fiquei impressionado e ainda estou no início. (sei que está esgotado e foi uma sorte encontrá-lo)
ROP

farangulha disse...

está esgotado? ainda o curso passado mercámos para a biblioteca do licéu...

E sim, é impressionante!

farangulha disse...

está esgotado? ainda o curso passado mercámos para a biblioteca do licéu...

E sim, é impressionante!

Anônimo disse...

penso que em portugal está esgotado. peço desculpa vos induzi em erro!

farangulha disse...

ouh, desculpa, nós trabalhamos com a versão em castelhano; mas nom sei se o veria estes dias em versão e-pub algures na rede. prova por esa via...