sábado, 8 de janeiro de 2011

o tempo entre costuras

maría dueñas: el tiempo entre costuras. temas de hoy. madrid 2009.

o livro tinha ingredientes que o faziam interessante aos meus olhos. protagonista feminina costureira. guerra civil e ditadura de fundo. outros espaços, neste caso, o norte de áfrica. o colonialismo e as suas ervas... mais nom.

nom gostei. lim-no a seguir, porque tem umha trama que engancha e fai que queiras avançar, mas nom metida nela, senom na distância. em realidade, apetece ler como quem vê umha batalha campal desde o alto, sem ter interesse em adentrar-se na história.

sira quiroga é umha rapariga madrilenha, subitamente rica graças a um pai recém-aparecido, á que um embaucador leva ao protetorado espanhol em marrocos com a escusa de investir a fortuna dela e fugir dos perigos da iminente guerra civil. mas o homem foge á argentina como todo o dinheiro deixando sira sozinha, prenhada e cumha dívida impagável no hotel. protegida polo comisário da cidade e ajudada por umha estraperlista, decide adicar-se á alta costura para juntar dinheiro e libertar-se da déveda. assim entra en contacto com as ricas alemás e británicas refugiadas em tetuám. e sabe dos seus segredos.

o que para mim falha no romance é a figura narrativa. a própria protagonista narra a sua história em primeira pessoa. num tom culto e elevado, carregado de rico vocabulário, de conhecimentos históricos e políticos que em nada quadram com a costureirinha protagonista. penso que nom está bem justificada essa consciência tam clara de todo por parte de narradora, por muito que saibamos que é sira com anos e experiências por cima.
também nom entrárom tantas justificaçons histórico-políticas polo meio da trama. nom é normal que rosalinda powell fox, para contar a sua história de amor com um senhor, tenha que degranar no mesmo discurso, todos os cargos políticos dele e todos os seus contactos e conhecidos no bando de franco. nom pinta nada.

por outra banda a narradora abusa da candidez aparente dos leitores. passa as páginas recordando o extraordinário das suas aventuras. eu penso que chega com que as conte. se som extraordinárias ou nom, já o decidimos nós. fartei da frasezinha "e quem me diria a mim, umha simple e ignorante costureira de um bairro de madrid, que ia... o que fosse".

ademais, e já para acabar, toma aos leitores por parvos: mais de três veces tem a necessidade de explicar-nos, por exemplo, a origem do seu segundo nome, arish agoriuq, bastante transparente em si mesmo.

enfim, que lim mas nom gostei.

por certo, o tocho de seiscentas páxinas que eu estava a ler em papel, andava a minha cunhada a lê-lo num finíssimo e ligeirinho e-book. agradeceram-lho os braços.

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