quarta-feira, 10 de setembro de 2008

um bosque diferente

paasilinna, arto: o bosque dos raposos aforcados. rinoceronte editora. cangas 2008. traduçom de tomás gonzález ahola.

um exilado sempre bota de menos o seu país, ainda que seja um delinqüente.

a literatura está cheínha de bosques, tenebrosos, fantásticos, misteriosos, mágicos. o bosque dos raposos aforcados é um bosque com personagens que fogem do tópico. ou, simplesmente, de personagens que fogem.
três som os protagonistas do romance: oiva juntunen, delinqüente profissional que precisa agachar-se para nom compartir o botim dum atraco com os seus cúmplices; o comandante remes, militar borrachuças que solicita umha excedência no trabalho para embebedar-se a gosto; e naska mosnikoff, umha velhinha de 9o anos que quer evitar que os serviços sociais a ingressem em um asilo.
e os três protagonistas, bem diversos, coincidem, casualidades da literatura, numha cabana no meio da tundra lapona, onde convivem um inverno compartindo o bosque com cincocentos, um raposinho meio salvegem meio doméstico.
a obra está dividida em três partes, que se correspondem com a apresentaçom de cada umha das três personagens e o seu encontro na tundra. e cada personagem serve-lhe ao autor para atacar, com tanto humor como contundência, algumha das instituiçons da civilizaçom ocidental: o sistema penal/econômico com oiva, o sistema militar, com remes; e o sistema de benestar social, com naska.
a ironia erige-se em grande protagonista do romance. o narrador recorre ao estilo indirecto livre para mostrar-nos as personagens, das que conhecemos cada um dos seus pensamentos e opinions. som as suas opinions, sobretodo, as que marcam o romance: ás veces pasaba algunhas tempadas no cárcere solucionando os diferentes puntos de vista que sobre a legalidade tiñan el e mais as autoridades. assím, com este tomzinho irónico-festeiro, decorre toda a leitura.
o cinismo assoma por cada um dos poros de oiva: a sua viagem a florida, vista como um paraíso habitado só por assassinos, estafadores e ladrons, é um bom começo, mas a sua teoria sobre a delinqüência, comparada com a protecçom ambiental dos alces, é impressionantemente reveladora.
o comandante remes nom deixa títere com cabeça no exército: ele é um inútil despercebido, pois mais inútil é a instituiçom para a que trabalha, um exército num país oficialmente neutral, que nom vale muito no jogo estratégico do risk mundial. chega à tundra para fazer umhas manobras. a descriçom do desenvolvemento das mesmas e o seu resultado é deliciosamente esmagador.
e porfim naska: umha velhinha encantadora que deve defrontar-se à testuda ideia dos serviços sociais de que o melhor para ela é ir viver para a vila num asilo. naska é o contraponto inocente a esse par de cínicos que habitam a cabana e a personagem que lhes permite manifestar a sua tenrura.
no meio da trama aparecem outras personagens que nom fam outra cousa que pór em destaque a atmosfera surrealista que envolve o bosque: lugar de exílio, esconderijo, lá quase no polo norte, e aonde chegam gentes do mais estrafalário: polícias forestais, ladrons de renos, prostitutas, turistas alemáns ou assassinos em série.
umha obra divertidíssima. e umha traduçom surpreendente.

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