quinta-feira, 20 de março de 2008

orientalismo



edward w. said: orientalismo. editorial debate. madrid 2002.

para umha pessoa que nunca viu oriente, disse nerval umha vez a gautier, um loto sempre será um loto: para mim é só umha espécie de cebola

orientalismo é umha monografia de quase 500 páginas. por vezes se me fijo dura de digerir, nom pola ser hermética a linguagem usada por said, todo o contrário, mas porque o seu mundo de referências nom é o meu. todos os autores que utilizou como base da sua análise som para mim desconhecidos, ou eles em si, ou as obras concretas que analisa [no caso de flauvert, nerval...] e isso enredava um pouco o caminho.
nom assim a clareza expositiva do autor. pois, apesar dessa minha dificuldade dei em ler todo o livro e penso que percebim aquilo que said queria transmitir.
orientalismo trata da representaçom do oriente no ocidente, concretamente nas culturas francesa e británica. mas o interessante da obra nom é isso. poderia ter sido umha nómina de tópicos e ideias prefixadas sobre o oriental com exemplos procurados na literatura, na história, ciência: porém, said vai além desta ideia, daí o rompedora que foi esta obra no seu momento. três elementos destacaria de orientalismo, para tomar nota de cara as minhas pesquisas:
  • primeiro: said nom trata de antologizar umha ideia equivocada do oriente contrastável com a realidade tangível de oriente; precisamente o que ele defende é que nom pode haver imagens reais do oriente porque todas e qualquer delas som isso, imagens, representaçons, construçons que podem ter que ver com a realidade e podem nom ter que ver.
  • segundo: demostra como umha determinada imagem de oriente foi construida e utilizada polo imperialismo para fazer o seu labor de apropiaçom e colonizaçom de territórios reais, com a consciente e explícita colaboraçom dos intelectuais do campo. se nebrija dizia que a língua era companheira do império, said afirma que o orientalismo é cúmplice do imperialismo.
  • terceiro: faz umha reflexom-crítica sobre os males que o positivismo e o cientifismo figérom à humanidade. o orientalismo revestiu boa parte das suas teorias mais discriminatórias e racistas com umha pátina de cientificidade que as figêrom parecer verdade indiscutível, e que difcultárom a luita contra elas -pensemos no darwinismo aplicado às culturas.
a ediçom que eu lim é do ano 2002, o qual é umha sorte, pois conta também com um epílogo [de 1997] do próprio autor no que este revisa a recepçom que a obra tivo no momento da sua primeira publicaçom [1977].

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