quarta-feira, 17 de outubro de 2012

leituras demoradas: a leitora

bernhard schlink: el lector. anagrama. barcelona 2000. 

lemos o livro no clube de lectura de adultos. e visionamos alguns trechos da versom cinematográfica. eu vira o filme quando a estreia, polo que a leitura foi feita com a trama sabida e os mistérios desvendados.

e igualmente adorei. e nom houvo essa reacçom decepcionante com uma e outro, outro e uma. lembrava ter gostado da película e gostei do romance. 

o leitor é um romance no que somos obrigadas a reflexionar sobre a culpa e o perdom. 

está estruturado em três partes, todas narradas polo protagonista, michael, nas que dá conta do seu encontro adolescente com hanna, uma mulher que o inicia sexualmente, o seu reencontro con ela, anos mais tarde, quando, estudante de direito, a reconhece entre as acusadas nun juíço por colaboraçom no holocausto, e finalmente, o seu úlitmo encontro, décadas mais tarde, quando ela sai de prisom ao cumprir condeia. 

em apariência, a trama está centrado no tema do holocausto, os judeus, o nazismo. e nisso centra a sua trama o filme (ou esse é o meu recordo): na culpabilidade que sente o protagonista por nom ter reconhecido uma nazista na mulher que amou (metáfora das novas geraçons que se auto-culpabilizam dos crimes nazis). mas agora, quando lim o livro, percebim que o autor em realidade nos convida a algo mais que ler uma outra visom do holocausto. propom-nos um dilema moral: pode um criminal ser redimido? há delictos imperdoáveis? que impede às vítimas perdoarem(-se)? pode ser reconstruída uma sociedade, apos um conflito violento, sem (re)conciliaçom?

a leitura do livro quadrou-me com um momento em que eram  novidade os encontros nos cárceres entre vítimas e presas da eta. eu nom pudem mais que relacionar uma cousa com a outra. e admirar a capacidade de uns e outros para falarem dos danos infringidos e recebidos.

porém o que a mim mais me deu que pensar foi o acontecido na juntança do clube de leitura. as leitoras sentimos empatias diferentes com respeito às personagens do romance: a mim e outras resultou-nos mais antipático o protagonista, no meu caso porque tem a oportunidade de salvar(-se) um pessoa e nom a aproveita, ao tempo que é incapaz de perdoar, nom consegue sentir piedade, o que faz que eu tam-pouco a sinta por ele. em troca, comoveu-me o personagem feminino pola dura aprendizagem que foi quem de fazer. outro grupo de participantes na sessom dirigiam essa antipatia cara a mulher protagonista, nom polos seus delictos nazistas, mas por um delito prévio: o de abuso de menores. consideravam que o dano feito a michael por parte de hanna era demasiado imenso; e que nom pagara o suficiente por ele. 

aquilo que a mim me deu que pensar foi o facto de que o segundo grupo de opinadoras estava integrado por nais e que no primeiro nom havia nenguma. era casualidade? é esse o facto que marca a diferência de opinions e empatias? tanto marca (nom) ser nai? o caso é que perguntei por essas simpatias -por quem sentes mais lástima, por michael ou por hanna?- a outras lectoras do livro e continuam a quadrar as contas. e eu continuo a dar-lhe voltas às marcas da maternidade.

penso que esse nom era, precisamente, o tema do livro. quem o diria!

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