quinta-feira, 12 de março de 2009

a sombra caçadora

suso de toro: a sombra cazadora. edicions xerais. vigo 1994.

A obra tem quinze anos e está feita toda uma adolescente. mas não avelhenta. tem um bom ler. isso já é uma avantagem.
a dor é que nom perde actualidade tam-pouco. é dor porque reflicte uma contemporaneidade dura. dura sobre todo com a infância. mas vaiamos por partes...

a sombra caçadora, de suso de toro, narra a história de duas persoas: clara e o menino sem nome. são irmãos e vivem com o pãe num casarão que eu imaginei desses indianos da marinha luguesa. não podem sair das suas terras e levam uma vida austera, quase de subsistência, isolados do mundo exterior. mas uma amiaça planeia sobre a família, os acontecimentos sucedem-se e os irmãos vem-se, de súbito, órfãos, sozinhos e perdidos no mundo exterior, um mundo tecnológico dominado pola imagem e os ecrans televisivos. a voz do grão irmão ecoa por toda a parte. como em todos os grandes filmes com heróis e mitos, clara e no menino sem nome são em realidade os elegidos, os destinados para acabar com uma maldição.

o texto mistura de maneira efectiva os mitos grecolatinos (grande importância simbólica têm o minotauro, ariadne e o seu labirinto) com referências da música popular moderna e da literatura e o cinema de ciência-ficção (ppara mim são evidentes as relações com o 1984 de george orwell e com o poltergeist de tobe hooper). o nome do menino sem nome, só sabido no fim, é essencial para percebermos todas estas referências.
nas técnicas narrativas ou na construção das personagens, algum erro: por exemplo, renge muito a incrível capacidade lingüística das vozes narradoras, quando elas mesmas contam que vivêrom isoladas do mundo e sem contacto com outra pessoa que nom fosse seu pãe. e quando se incorporam a esse mundo afastado e alheio, porvezes evidenciam a sua inadaptação e imcomprensão, mas por outras semelha esquecer o autor que são recém-chegadas.

o melhor: a reflexão provocada. impressiona imaginar essa bandada de meninos vadios abandonados por uns pães e mães abandonados eles mesmos ao poder magnético do televisor, do écram, seja do tipo que for. algumas que andamos no mundo da educação não podemos evitar pensar em casos que conhecemos...

Um comentário:

Oleksandrc19 disse...

Exclente.