segunda-feira, 19 de maio de 2008

espelhos

eduardo galeano: espejos. una historia casi universal. siglo XXI de españa editores. madrid 2008

anda de estreia indiana jones e a sua quarta parte. Sei que é o aventureiro que faz o que seja por conseguir que as pezas de arte mais procuradas "estejam num museu, que é onde devem estar". mas vem galeano e conta-nos outras cousas: como os museus europeus estám edificados em saqueio e o roubo, até o ponto de gauguin ter posto, por erro, o seu nome a máscaras de autoria congolesa.
eis o objectivo da obra: fazer-nos ver o quarto traseiro do livro da história, o invês da folha; a parte de atrás do espelho, aquela que realmente reflicte quem somos e dónde vimos, nom o vidro que nos engana com a maquilhagem da história oficial.
esta obra continua o caminho traçado na impresionante memoria del fuego, história de américa em três volumes e em centos de tesselas que constroem um mosaico bastante mais acesível e claro que qualquer manual ao uso.
galeano faz, em espelhos, um percorrido pola história universal, respondendo algumhas perguntas que semelha ninguém ter feito antes e fazendo outras para que outras pessoas as respondam. e é isso, a pergunta, o basamento na construçom do livro: cada texto, cada microhistória, tem origem numha pergunta louca, infantil, de criança inocente ou bêbedo desvergonhado que deixa em evidência o rei espido que é a história apreendida nos manuais.
as perguntas centram-se em três grandes maiorias minorizadas ás que nom atendem os livros: as culturas non europeias, as mulheres e as pessoas negras, aquelas às que o eurocentrismo, o machismo e o racismo, cada um pola sua parte e todos associados, deixárom de lado. Fica bem reflectido nesta história do início:
Fundaçom da Beleza.
Eis as estám, pintadas nas paredes e nos tectos das cavernas. Estas figuras, bisontes, alces, ursos, cavalos, águias, mulheres, homens, nom tenhem idade. Nascerom há milheiros e milheiros de anos, mas nascem novamente quando som olhadas por alguém. Como puderom eles, os nossos remotos avós, pintar de tam delicada maneira? Como puderom eles, esses brutos que a mao limpa pelejavam contra as bestas, criar figuras tam cheias de graça? Com puderom eles debujar essas linhas voandeiras que fogem da roca e vam ao ar. Como puderom eles...?
Ou eram elas?


ainda assim penso que esta história quase universal ficou incompleta na parte que busca ser alternativa ao eurocentrismo: aí faltou-me chicha, achei de menos mais histórias, na banda dos nunca nomeados: indonésios, australianos,...
o mais gostoso: escuitar os textos lidos polo próprio galeano na apresentaçom feita em compostela.

tenho lido mais de galeano, bem, quase todo galeano. o mais recomendável, para o meu gosto:
a memória do fogo [trilogia sobre a história de américa].
de pernas pro ar [reflexom sobre o mundo actual e a sua organizaçom político-económica].

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