sexta-feira, 21 de setembro de 2012

gaia e iria, iria e gaia

anxo angueira: iria. xerais, vigo 2012.
maria reimóndez: en vías de extinción. xerais, vigo 2012.


uma cousa tenhem em comum estes romances, fora a xerais como editora. 
conheço a anxo e maria. tenho em grande estima a ambas pessoas. isso faz que tenha pudor em escrever resenhas dos seus livros. é mais, decidim nom fazê-lo, porém também nom vejo porquê nom, e agora decidim que sim o vou fazer. e sei que amanhá decidirei arrepentir-me de ter-me decidido... 

sobretodo porque os dous som livros que eu lim (melhor, ruminei) em contraponto: faltou-me num aquilo que encontrei no outro. por isso os comento juntos.

iria nom é o nome duma moça, mas duma embarcaçom: o derradeiro galeom de cabotagem que navegou a vela polo mar da arouça. se conheço a angueira nom é por irmos juntos a congressos de poetas, senom por compartirmos navegaçom na ent dorna. na praia da canteira, onde passamos a tempada do verám, aguardavamos iria com grande expectaçom. 
e goçamos, goçamos reconhecer o léxico carcamám, as relingas e oitos e rises e escotas e estrovos a ressumar polas páginas do livro. encantou-nos ver recolhidas as estórias de afogados e afogadas, algumas delas escuitadas a bordo da peça de rabo ou da nova marina (maravilhoso o relato das águas do rio salgadas apos a morte de duas carrejadoras). goçamos com a homenagem á cultura marinheira que se desprende de cada linha. e lemos, e lemos e continuamos a ler... e acabou o livro e eu perguntei, já?. 

porque me faltou trama. é como se anxo gastara todas as forças em preparar-nos para um final comovente, e cansasse e desse por acabado o romance antes desse final que nunca chegou. sentim como se me fosse arrincado o livro das maos antes de o acabar.

e lim o de maria e passou-me o contrário: atrapou-me a história, enganchei na necessidade de saber qual era a grande ideia de gaia, figem por seguir os galhos e perder-me entre a ramalhada da árvore, seguim com gosto as aventuras de marinha. e lim, e lim, e continuei a ler... e acabou o livro e eu perguntei, assim? 

porque me faltou língua. achei de menos poder caminhar mais pausadamente, poder parar a remoer as estórias que o livro vai debulhando. foi como se a autora tivesse pressa por levar-nos ao desenlace e optara por obviar todas as revoltas com sombra para descansar e revisar o caminhado. achei de menos este goçar-se na narraçom por parte da narradora, sobre todo nas passagens acontecidas no monte: nas descriçons, na microtoponímia, no pormenor que faz emerger o invisível. sentim-me como empurrada a acabar a leitura já, já.

assim que tenho uma proposta para anxo e maría: juntai-vos e nascede, a meias, uma obra mestra da literatura galega.


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