quarta-feira, 8 de outubro de 2008

migraçons

rafa villar: migracións. espiral maior. a corunha 2008.

a língua como pátria, como músculo que comunica, a memória que temos de nós, a que deixaremos, o país de emigrantes que se esquece a si mesmo, os imigrantes que afundem no oceano, o futuro na língua cúmplice, o futuro semfuturo, o refúgio no amor, o porto que acolhe almas perdidas. todo isso aparece neste poemário do que gostei por singelo [que nom simples] na escolha léxica e sintáctica. sem miramentos. sem artifícios. labazada directa na face:

nom esqueças
que em herdo deixaremos
apenas umha terra arrasada
que fará de nós
a mais triste das cousas para lembrar

recordarám-nos
como som recordadas as cicatrizes mais profundas
como som recordados os naufrágios mais atrozes
como é recordada a geada mais daninha

e doerá a lembrança de nós
doerá tanto
que às nossas cousas lhe serám dados
outros nomes e outras festras

e farám por esquecer-nos
no meio da noite inevitável.

Nenhum comentário: